Fotos do filme: "Quem é Cézar?" - dirigido por Antonio Machado
.
Segunda parte da entrevista com Antonio Machado, diretor do curta-metragem "Quem é Cézar?" - Para quem não leu a primeira parte da entrevista, ou não assistiu ao filme, pode se atualizar pelo link:
Blog Curtas (BC) - O que você pensa da produção independente no Brasil?
"Bem complicada, né? Tirar dinheiro do bolso, fazer filme sem grana, às vezes, a gente tem que se hipotecar para conseguir alguma grana, enfim..."
BC - O filme já participou de festivais? Como é a receptividade do público? As pessoas vão conversar com você depois do filme?
"Eu já inscrevi o filme em vários festivais, mas ele não entrou... A receptividade é bem engraçada, porque tem gente que fica tentando acompanhar, pra ver se a história faz sentido. Outros ficam: “Pô, mas ele não era gay?!”. Dia desses, o filme passou em um Sesc, e uma criança ficava perguntando se aquilo era de verdade, e a mãe explicando que era uma atriz. Isso é muito divertido. Alguns vêm falar comigo depois do filme, mas graças a Deus, ninguém pede pra explicar...hehehehehe!"
BC - Já aconteceu algum episódio engraçado relacionado ao curta?
"Acho que ver as pessoas tentando dar um sentido à história, apesar dela ser meio doida, é bem divertido. E ver as pessoas rindo dos personagens também é engraçado..."
BC - O que você pensa do curta-metragem no Brasil?
"Ah, eu acho que é um mercado meio ingrato, porque o seu filme fica restrito a alguns poucos espectadores. Acho que com o Youtube e similares, isso melhorou bastante, mas ainda está longe do ideal."
BC - Como foi o trabalho com os atores? Você utilizou improvisação, ou já tinha um roteiro pronto?
"Como eu falei antes, tentei adaptar o roteiro a alguns deles para que se sentirem mais confortáveis. Fiz isso principalmente com os não-atores. Havia um roteiro pronto, mas eu pedia para que não ficassem presos a ele. Só pedia para mencionarem alguns pontos importantes, que eram as contradições, e o resto, eles podiam improvisar."
BC - Em qual cineasta você se espalha? Algum filme já teve o poder de mudar a sua vida? Qual?
"Para o “Cézar” especificamente, eu me baseei muito em séries de TV, que é algo que geralmente a gente não menciona, porque a gente sempre tenta escolher um grande diretor de cinema ou um clássico. Às vezes, eu tenho a impressão de que muitos acham a TV algo inferior. Pro “Cézar”, eu pedi aos atores e à equipe que assistissem aos seriados “The Office” e “Boston Legal”, pela interpretação do elenco e pelos movimentos de câmera. Mas na época das filmagens, estava em cartaz o “Jogo de Cena”, do Coutinho, e eu pedi para alguns atores assistirem também. Acho que os filmes do Coutinho são bem interessantes porque ele é bem informal com os entrevistados. Não sei se houve algum filme que teve o poder de mudar a minha vida. Alguns me tocam mais que outros, mas não sei se houve algum que mudou meu jeito de pensar."
BC - Como você vê a faculdade de cinema no nosso país? Ela é importante para a formação do cineasta? Ou o que vale mais é o talento?
"Antes de entrar na faculdade, eu tinha uma visão muito utópica do cinema. Acho que a faculdade é importante porque te dá uma noção de como é fazer cinema (o tempo de espera no set, o cotidiano de um set...), além de todo o embasamento teórico e tal. Mas, enfim, há todas aquelas questões de sucateamento, além dos famosos problemas dos professores e dos alunos. Se o que vale mais é o talento, eu não sei, acho que isso depende muito da história de cada um, porque você pode ter um bom embasamento sem nem mesmo ter ido à faculdade. Ou fazer uma faculdade de cinema inteira para fazer filmes que só você e cinco amigos seus entendam."
BC - Cinema é arte ou técnica?
"Acho um pouco de cada..."
BC - Qual o seu próximo projeto?
"Por enquanto, nenhum. O “Cézar” foi bem cansativo..."
BC - Você enxerga um futuro como cineasta?
"Hum, não sei... pergunta muito difícil essa..."
BC - E finalmente, quem é Cézar?
"Hum... você pode perguntar isso a ele, mas acho que ele vai estar fora da área de cobertura ou desligado. Hehehehehe..."
Postagens
