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segunda-feira, 30 de junho de 2008

Inscrições para Curta Cinema até dia 25 de Julho


Petrobras apresenta

FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS DO RIO DE JANEIRO
CURTA CINEMA 2008

30 de outubro a 09 de novembro de 2008
Rio de Janeiro – RJ


“O FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS DO RIO DE JANEIRO – CURTA CINEMA é um evento anual exclusivamente dedicado à exibição e promoção de obras audiovisuais de curta-metragem, que em 2008 acontecerá de 30 de outubro a 09 de novembro, em circuito de salas na cidade do Rio de Janeiro. O Festival exibe trabalhos finalizados em 35mm, 16mm e suportes digitais e tem caráter competitivo e informativo. A Programação do Curta Cinema 2008 será constituída por: Competição Internacional, Competição Nacional, Programas Especiais e Focos temáticos, que têm como objetivo principal promover a exibição, a distribuição e a produção da obra audiovisual de curta-metragem. Além da exibição de filmes, o Festival também promove Workshops, Palestras e Cursos de formação teórica e prática. As inscrições para todas as atividades paralelas do Curta Cinema são gratuitas.”
fonte: Site curta cinema: www.curtacinema.com.br

Data Limite para Inscrições de Filmes Nacionais para Curta Cinema 2008: 25 de julho de 2008.

Endereço para envio de correspondências e materiais:
Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema 2008
a/c Ailton Franco Jr. – Diretor do Festival
Praia de Botafogo, 210 – Sala 308 – Botafogo – Rio de Janeiro - RJ
Brasil – CEP 22250-040
Tel: (21) 2553 8918 – Fax: (21) 2554 9059
programa@curtacinema.com.br
http://www.curtacinema.com.br/

Diga Alô

Brasil, 2008

“Um orelhão é instalado numa pequena comunidade da zona rural modificando a vida do lugar, principalmente a de Carlos, que passa a se ocupar em atender as ligações fazendo a ponte entre as pessoas do lugar.”

Pela estrada de terra, uma caminhote chega trazendo um orelhão, pára em frente a uma venda e o instala ali. É o primeiro telefone do povoado de poucos habitantes no interior rural. No início, as pessoas estranham um pouco o aparelho. Não sabem como funciona, ou o que é exatamente um cartão telefônico, mas em pouco tempo, todos estão familiarizados com o telefone e passam a usá-lo constantemente. Carlos, o dono da venda, é quem tem a vida mais alterada depois da instalação. Ele passa a atender todas as ligações e a chamar as pessoas. O filme que faz uma ponte entre o documental e a ficção tem um ótimo argumento: mostra como a instalação de um telefone público altera a vida das pessoas. Utilizando-se de uma fotografia de baixa resolução e com pouca variação de planos, Diga Alô, parece inclusive um apanhado de cenas de uma câmera de segurança, ou de uma câmera escondida. É uma linguagem diferente, pouco usada, mas de certo modo interessante. Chega a criar em alguns momentos a dúvida se aquela história é real, ou não. Isso também se deve ao excelente trabalho do ator que interpreta Carlos, que com o sotaque carregado, cria o típico dono de armazém do interior, que conhece a cidade inteira. A única frustração de Carlos é que as ligações que ele atende nunca são para ele mesmo. Mas isso não o impede de se sentir o dono do orelhão.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Atención Al Cliente



Espanha, 2006

“Num futuro frio e hostil, uma velhinha se verá obrigada a esquecer as normas para conseguir alimentar seu esquálido cachorro. Guardas de segurança metalizados, compradores compulsivos e paranóicas medidas de segurança serão os obstáculos, que esta inescrupulosa anciã terá que vencer.”

Ganhador de vários prêmios Atención Al Cliente é um filme em animação, além de muito engraçado, muito bem feito. A história da senhora e de seu cãozinho faminto começa quando a ração do cachorro acaba, e a velhinha tem que sair para comprar mais. Ao sair de sua casa, percebe-se por um plano geral que a velhinha mora rodeada de prédios enormes, só restando a sua pequena morada como casa em meio à cidade grande. O supermercado em que ela entra possui um clima opressor, com todos os mecanismos eletrônicos e funcionários robóticos. O som do carrinho de compras sendo empurrado pela velhinha, demonstra a sua pequenez diante de tanta tecnologia. Com uma voz em off anunciando o aumento dos preços dos produtos em poucos segundos, a velhinha se desespera quando descobre que o preço da ração irá aumentar, mas com muitas pessoas se amontoando na sua frente, ela não consegue pegar o seu pacote antes que o preço aumente. Inconformada, ela tenta modificar o preço da ração, mas não é bem sucedida. A animação é ótima, o desenho lembra um pouco o estilo do traço do longa “As bicicletas de Belleville”.
Para ver ao filme e saber mais sobre essa produção:

Verão


Brasil, 2007

“Miguel, um aposentado, trabalha em uma funerária há mais de 40 anos. Todo mês ele economiza o máximo de seu salário para comprar um caixão de luxo. Porém sua vida começa a complicar-se quando sua mulher convence-o a comprar uma poltrona.”

O filme de Luiz Gustavo Cruz conta a história de Miguel, um senhor que trabalha em uma funerária. Miguel tem o hábito de, religiosamente, guardar seu dinheiro em uma santa, com o objetivo de conseguir comprar os melhores caixões da funerária, para ele e para a mulher. “Pensando no futuro” como ele diz. Mas a esposa de Miguel usa o dinheiro da santa para comprar uma poltrona especial e eles ficam sem as economias. Com atuações muito boas, Verão é um filme bem feito, com momentos cômicos e outros mais dramáticos. Logo depois de adquirir sua poltrona, Cleide, a mulher de Miguel, tropeça na cozinha, cai e morre. Miguel tenta negociar com o dono da funerária, mas não consegue o melhor caixão para enterrar sua mulher. Tenta também devolver a poltrona e recuperar o dinheiro, mas não consegue. Nesse momento, Miguel tem de buscar outra alternativa, e sem dinheiro, acaba encomendando um caixão em uma marcenaria barata. Por trás da trama, percebe-se incutido no curta-metragem uma abordagem sobre a solidão na terceira idade, pois o casal Cleide e Miguel não tem mais ninguém com quem contar além deles mesmos. Tanto que no enterro de Cleide, só Miguel comparece. É um bom filme, que trabalha muito com o silêncio, tomadas longas com poucos diálogos. O protagonista cativa o público e é possível compartilhar seu drama pessoal, mas Verão definitivamente, não é um filme que trabalha com apelações emocionais. O curta trata a morte de forma natural, talvez até um pouco seca. Mas a aborda como etapa intrínseca da vida, como algo inevitável, sem choro, sem desespero. Composto por belos planos, boa direção de arte e excelente direção de atores, Verão é um curta que vale a ida ao cinema.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

ANIMA MUNDI - A partir do dia 11





ANIMA MUNDI – Festival Internacional de Animação do Brasil
Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP)


Maior festival de cinema de animação das Américas, completou quinze anos de atividades em 2007. É importante referência internacional do setor e uma das mais fortes marcas culturais do nosso país presente em todo mundo.


Data: 11 a 20 de julho (Rio de Janeiro/RJ); 23 a 27 de julho (São Paulo/SP)
Categoria: competitivo com animações de curta, média e longa-metragem nos formatos 35mm e vídeo.
Programação: mostra: Curtas-Metragens, Longas-Metragens, Curtas-Metragens Infantis, Retrospectivas Especiais, Futuro Animador, Animação em Curso, Portifólio e Panorama
Atividades: workshop, palestras, oficinas de animação e mostras especiais

MANAGUA NICARAGUA IS A BEAUTIFUL TOWN


Nicaragua, 2007

“O documentário mede o pulso da cidade desde seu amanhecer até a noite, seguindo os passos de seis de seus moradores. Sua rotina diária se transforma perante nossos olhos numa odisséia urbana. Suas imagens são o reconhecimento à milhares de anônimos que dão vida à cidade, que são seu coração.”

O ducumentário mostra a vida de alguns habitantes de Nicaragua, desde o momento que eles acordam até o final do dia. O filme que aborda a realidade dessas pessoas, não interfere na vida delas. Sem se utilizar de entrevistas e sem revelar a existência da equipe por trás do documentário, Managua Nicaragua is a Beautiful Town, apenas acompanha o desenrolar do dia de seus personagens. Se aproximando muito mais do real, e deixando a câmera somente como um olhar distante que observa. Mostra como é o dia de uma enfermeira, que trabalha na pediatria de um hospital. Mostra o dia de um homem que vive em um casebre de um cômodo e que se locomove através de uma cadeira de rodas, pois não tem as duas pernas. Mostra também o dia de um cantor de rock, um taxista, meninos que andam com bonecos gigantes e o de uma vendedora ambulante. Além de revelar a vida dessas pessoas o filme proporciona ao público conhecer um pouco de Managua Nicaragua. Uma cidade muito pobre, com uma população vivendo com pouco infra-estrutura, mas com costumes interessantes.

O documentário está na programação do Cinesul 2008:

Réquiem


Brasil, 2007

“Adaptação para o cinema da história autobiográfica, de mesmo nome, de Lourenço Mutarelli, autor brasileiro de HQs . A história fala de um período da vida do artista onde foi desenvolvido um quadro de pânico, que acompanha sua expressão artística, seguida da perda de um grande amigo.”

O filme é uma animação que narra a história que mudou a vida de Lourenço. Ele conta do dia em que resolveu morrer. Nesse dia durante a comemoração do seu aniversário, seus amigos resolveram lhe pregar uma peça e falsearam seu seqüestro. Com o falso “seqüestrador” fazendo roleta russa na sua cabeça, Lourenço com os olhos vendados, resolveu que ia tentar morrer antes que os homens o matassem. Baseando-se em uma história que seu amigo Leo havia lhe contado, que quando uma pessoa deseja morrer, mentalizando muito essa idéia, a pessoa consegue. Lourenço decidiu que iria morrer, e desse momento em diante, diz ele, uma parte sua realmente morreu. A narração de Lourenço, ilustrada com seus desenhos, conta como Leonardo, seu grande amigo, violonista virtuoso, o ajudou nesse período de sua vida. Leo ia para a casa de Lourenço e ficava com ele, enquanto ele ficava em um canto sem ânimo de se levantar e viver. O curta, que é, sem dúvida, uma homenagem ao amigo Leo, que passou a inexistir no dia que morreu, é um filme lindo. Com trilha sonora com as músicas de Leonardo, a animação Réquiem é emocionante.

Réquiem está na mostra competitiva do Cinesul:
http://www.cinesul.com.br/site_2008/competitiva_curtas.htm

Espalhadas pelo Ar


Brasil, 2007


“Nas escadas de serviço de um prédio residencial, meninas fumam escondido dos pais. Cora tem 30 anos e mora no mesmo prédio que as meninas e está presa em um casamento infeliz. A mulher surpreende as meninas fumando. A partir daí, inicia seu caminho à liberdade.”


Dirigido por Vera Egito o filme Espalhadas pelo Ar uma produção da IoIô Filmes Etc e CTR-ECA-USP, foi o trabalho de conclusão de curso de Vera Egito de 25 anos. Esse trabalho, que trata da psique feminina, aborda dois mundos diferentes, o mundo das pré-adolescentes, que fumam na escada escondidas dos pais e o mundo da mulher de seus trinta anos, casada, solitária e infeliz. Quando esses dois mundos se encontram acontece uma transformação, principalmente na vida de Cora, que começa a se enxergar de outra maneira, toma coragem para mudar e tomar decisões. O curta começa por um plano seqüência que acompanha as meninas correndo pelas escadas. Esse primeiro plano já é muito interessante. Plano próximo das meninas, no qual não se distingue muito bem o que é visto, câmera na mão. Vera, que é promessa para a nova geração de diretores da Ioiô Filmes, realiza muito bem seu primeiro filme. A direção de arte também é muito bem feita, boa escolha do edifício como locação e boa escolha dos objetos que compõem o apartamento de Cora. A relação de Cora com as plantas, também é algo que merece ser ressaltado. A cena em que ela molha uma das plantas e se encanta com a água caindo do vaso, é um momento que demonstra a sua descoberta para novas possibilidades. Como também a cena em que várias plantas estão em seu quarto, como se ela houvesse deslocado os vasos para lá, aproximando as plantas, que detém a sua afeição, para o seu ambiente mais íntimo, como para preencher um vazio. Nesse momento, toma a decisão e diz ao marido que precisam conversar. Espalhadas pelo Ar é um filme com planos bonitos, boa direção de atores e que mostra que nunca é tarde para mudar e se libertar.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Te Quiero Ver Muerta


Chile, 2007

“Renata, a administradora de um antigo cinema, obriga Leonardo, o lanterninha, a ser seu amante. Ángela, a noiva de Leonardo, cega de ciúme, pega um extintor e bate em Renata até matá-la. Alfredo, dono do cinema, chega e procura Renata, sua esposa, enquanto Ángela e Leonardo escondem o cadáver.”


Essa comédia é um completo pastiche dos filmes de suspense. O filme em preto e branco resgata os antigos hábitos de um velho cinema, o lanterninha, a mulher que deixa o casaco do lado de fora, a bilheteria antiga, os penteados dos atores e figurantes, as pessoas fumando dentro da sala de exibição e mesmo a imagem em PB. Mas não necessariamente é uma história que se passa em outros tempos, isso não fica claro. Existe a possibilidade daquele cinema ser um dos poucos que ainda tenta manter as velhas tradições e que o filme se passe nos tempos atuais, pois são poucos espectadores na sala de exibição, o que pode demonstrar um lugar em decadência. Te quiero ver muerta é o filme que acontece dentro do cinema, literalmente. O exagero nas ações dos personagens e o violento pastelão, com cara de novela mexicana são trabalhados de forma muito engraçada. Curta repleto de cenas ótimas como a que Ângela, tenta distrair Alfredo, dono do cinema, e o chama para resolver uma “coisa horrível”, pede que ele mate uma “cucaracha” (barata) asquerosa. E a cena em que Alfredo conversa com sua mulher morta, colocada em uma das cadeiras do cinema, ele diz que vai se separar dela e por isso não tem nem coragem de olhar em sua cara. Mas sem dúvida o melhor do filme é o final, quando o dono do cinema agradece aos assassinos pelo que fizeram, pois como ele diz: “Tiraram um peso de suas costas.” e vai embora feliz, deixando Ângela e Leonardo sem entenderem nada.

Te quiero ver muerta, dirigido por Cristian Saldía Ramírez está na programação do Cinesul:
http://www.cinesul.com.br/site_2008/competitiva_curtas.htm

Tierra Roja

Argentina, 2007

“Sandra interrompe seus estudos para ajudar sua família na colheita do mate. As possibilidades de terminar os estudos parecem cada vez mais distantes, até que um homem lhe oferece trabalho como empregada doméstica na cidade e a possibilidade de continuar estudando.”

Tierra Roja começa por uma seqüência de câmera na mão mostrando uma menina de costas correndo em uma estrada. A garota corre, desesperada, olhando para trás. E o filme começa estabelecendo uma certa tensão. A cena é cortada. E a história se desenrola mostrando Sandra, a protagonista, trabalhando na colheita de mate. A realidade de Sandra, se resume a uma casa pequena, uma família grande, pouco dinheiro e falta de opções. E para a menina de poucas chances, a oportunidade oferecida por um homem, bastante suspeito, de ir para a cidade grande, parece sua única alternativa. Ela sonha poder voltar a estudar e, em prol disso, resolve aceitar a proposta. Durante a viagem, o cobrador do ônibus não deixa que Sandra viaje com o gato que leva em seu colo, e diz para deixá-lo na estrada. É nesse momento que ela se revolta e resolve fugir, correndo pela estrada. Desse modo, o filme termina como começou. O curta é um retrato fiel da realidade das pessoas que trabalham na colheita, filme bem regional. A edição chama a atenção na cena em que o cobrador do ônibus tenta tirar o gatinho da menina: ela gritando, o gato miando, o homem tentando arrancar o bicho dos braços dela e o caos estabelecido. O interessante é como a edição sai da seqüência interna do veículo, para a externa da estrada mostrando o ônibus dando uma freada abrupta. A música típica compõe bem a trilha sonora, as atuações são boas (a impressão é que foi feito um trabalho com não atores), e um plano que merece ser ressaltado, é a visão externa noturna do casebre da família de Sandra, muito bonito. Talvez Tierra Roja termine um pouco de repente, mas é um bom filme dirigido por Fernando Alcalde.
Tierra Roja está na programação do Cinesul:

Recomeço

Brasil, 2007


“Recomeço é sobre uma relação de amor e ódio entre tia e sobrinha. Este é o sexto curta sobre o tema solidão do diretor Andrés Bukowinski.”

As atrizes Graziela Moretto e Berta Zemel dão vida às personagens Marlene e tia Vau. As duas parecem se odiar no início do filme, essa relação chega a um desgaste intenso, e Marlene tenta se matar. Recomeço conta a história dessas duas mulheres, Marlene, uma mulher que já passou dos trinta anos e vive em função da tia, e tia Vau, uma velha doente e rabugenta. A tia maltrata muito a sobrinha, mas também demonstra afeição por ela em alguns momentos, o que prova que sua amargura serve mais como carapaça. A decupagem do filme explora planos interessantes feitos de cima. Essa exploração mais ousada dos planos foi possibilitada pela filmagem nos estúdios da ABA Filmes e não em uma casa de verdade. A arte do filme é bem feita, utilizando-se de móveis de madeira escura e antigos, e objetos bem escolhidos, caracterizando bem a casa de uma senhora idosa. Casa que não existia, já que o filme foi realizado em estúdio. A casa de Tia Vau se resume a duas locações para quem assiste ao filme, o quarto e a cozinha. E tudo se passa nesses dois ambientes. É perceptível como as coisas vão mudando nas diferentes fases do filme, o quarto – e a sua transformação depois da morte de tia Vau. Os objetos sendo encaixotados e o ambiente mais vazio. Recomeço é o sexto curta-metragem de Andrés Bukowinski em torno do desejo e da solidão. Os outros cinco filmes são: “Entreato”, “Lavando a Alma”, “Hábeas Corpus”, “Helena” e “Limbo”. Andrés ajudou a recriar a propaganda brasileira e já recebeu vários prêmios importantes no mercado publicitário mundial incluindo 25 leões em Cannes. Foi o diretor que deu vida ao Garoto Bom-Bril.

Site da ABA: http://www.abafilmes.com.br/
Site Cinesul para consultar a programação:

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Entre cores e navalhas


Brasil, 2007

“O cabeleireiro Antony vai todos os dias de ônibus para o seu salão de beleza. Um dia percebe a cobradora Esperança, de beleza encoberta pelo mal trato. Com o passar dos dias, Antony e Esperança estabelecem uma relação. Esse encontro desencadeia uma profunda mudança na vida e na aparência de ambos.”


A comédia mostra de forma inusitada a história do cabeleireiro Antony e da cobradora de ônibus Esperança. Esperança percebe que o homem estrangeiro, passageiro constante em seu ônibus, olha muito para ela. Durante o filme o público demora um pouco a entender se Antony está apaixonado por Esperança, pois ele, ao que parece, tem um caso com outro homem, que também costuma fazer o mesmo trajeto. O público fica confuso nesse sentido. Em uma das viagens, Antony deixa um cartão para Esperança, dando de presente um corte de cabelo, se ela for em seu salão. Depois disso, Antony tem uma briga com o outro homem, e os dois aparentemente se separam. Esperança vai até o salão de Antony e os dois começam um romance. O curta que é quase um road-movie por ter como locação principal um ônibus em movimento, tem um final hilário. Narrado em off no início e no final, pelas vozes de Antony e Esperança, Entre cores e navalhas termina com um final feliz para os protagonistas. Antony, que se divertia transformando Esperança e deixando-a com vários looks diferentes, resolve se transformar também. E no final do filme, Antony vira uma mulher. E as duas continuam o romance e tocando o salão de beleza que troca de nome e passa a se chamar Esperança.

Veja Entre cores e navalhas no cinesul:

Elke



Brasil, 2007

“O curta revela a mulher por trás do personagem Elke Maravilha a partir de sua própria reflexão sobre sua imagem, desconstruindo estereótipos e propiciando um novo olhar sobre ela.”

O documentário mostra Elke sem maquiagem, sem apetrechos no seu cotidiano em casa. Elke fala de sua vida, diz não ser uma pessoa saudosista, sente saudade sim, mas diz que não gostaria de voltar no tempo para reviver antigas fases de sua vida. Para Elke, ela já viveu intensamente tudo, e não mudaria nada. Um objeto inusitado, que ela mostra no documentário é um cordão que constrói há anos e conta que ele estará pronto no dia de sua morte. Nesse cordão estão vários pingentes de muitos lugares do mundo e outras coisas que fizeram parte de sua vida, ou da vida das pessoas importantes para ela. Analisando o cordão é possivel contar sua história, através dos penduricalhos. A casa de Elke, com as paredes rosa choque e cheias de fotografias, parece, bem ao estilo da dona, muito exótica. No documentário, ela explica a razão pela qual se enfeita tanto. Para Elke, ela em sua forma natural é apenas um resultado do que os seus pais fizeram, ou seja, ela não tem nada com isso. E por essa razão precisa se enfeitar tanto, pois acha que essa é a sua contribuição a sua imagem. E não sente vergonha disso. Como ela diz: “Tem gente que não tem vergonha de matar, porque eu vou ter vergonha de me enfeitar?” Com sua risada inconfundível, Elke Maravilha mesmo sem maquiagem e desproduzida, continua Elke, irreverente e bem humorada. Sasha, que é casado com ela há 13 anos, também dá um depoimento no filme. O documentário de Julia Rezende, só peca em um aspecto, quando acaba, o público continua com vontade de ver mais.
Elke está na programação do CineSul:

Dez Centavos


Brasil, 2007

“Um dia na vida de um garoto que mora no subúrbio ferroviário de Salvador e trabalha como guardador de carros no centro histórico.”

Com uma fotografia muita bem cuidada, ótimas interpretações e paisagens muito bonitas, Dez centavos é um curta completo, no qual a arte, a fotografia, o roteiro, a direção, a edição e os atores estão muito afinados. Isso sem dúvida é o mais importante para que o curta seja bem sucedido, ser um filme harmonioso. Planos extremamente bonitos, planos próximos do ator principal, mostrando o seu olhar profundo. Ou planos detalhes interessantes, como o do motor do bondinho sendo desligado e os cabos de aço parando. Ou o plano detalhe das flores sendo regadas. Um filme que emociona, pela beleza e pela história. A relação que se estabelece entre o vendedor de flores e o menino que toma conta dos carros é o ponto forte do filme. Pois o vendedor apesar de aparentar ser uma pessoa fria, ajuda o garoto algumas vezes, emprestando o banquinho e o regador, consertando seu chinelo. Sem demonstrar muita afeição, mas demonstrando certa preocupação com o garoto, pergunta se ele pretende tomar conta de carros a vida inteira. O que faz o menino parar e pensar. Um dia na vida do protagonista, mostra como o menino pobre, da periferia de Salvador, se vira para não passar fome e ainda levar algo de comer para casa no fim da noite. Isso sem apelações emocionais. Um filme muito bonito com direção de Cesar Fernando de Oliveira. Vale a pena ser visto. Dez Centavos está na programação do CineSul
http://www.cinesul.com.br/site_2008

“Para a realização do filme foi montada uma equipe com cerca de 30 pessoas entre atores e técnicos. Há veteranos, como os atores convidados: Fernando Fulco e Narcival Rubens, mas também há no elenco não atores. Já a parte técnica é formada por jovens realizadores, alguns estão participando pela primeira vez de uma produção em 35 mm.”

Fonte: http://10centavos.multiply.com/reviews

Un Mantel Escocês


Argentina, 2006

"Um menino entre parêntesis, um homem com cara de leão e uma cadeira se encontram com um campeão de mímica."

O filme da produtora argentina Húmus, Un Mantel Escocês, explora a linguagem experimental em todos os sentidos. A começar pela caracterização dos atores, um dos personagens tem a cara de um leão e outro, que aparece mais no final do filme, de uma girafa. A fotografia em preto e branco, dá ao filme um tom mais antigo, como se fosse um curta de décadas passadas em super 8. A história não tem uma narrativa linear, é composta por um jogo de imagens e pequenas cenas, que exploram também as ações de trás para frente, como no momento em que um dos personagens na bicicleta, tira a xícara e depois o café de dentro do casaco. É um filme de compreensão não muito simples, mas com imagens e construções interessantes. A primeira seqüência do curta, mostra o homem com cara de leão fazendo pose de forte e embaixo da mesa da cozinha uma mulher toma o café da manhã. A louça e os talheres estão pregados na parte debaixo da mesa. A cenas são em geral bem curtas, antes que você possa compreender a interação entre os atores, a paisagem e os personagens mudam. O menino entre parênteses aparece de repente em alguns momentos fazendo interjeições engraçadas, sempre rápidas. As loucuras de Un Mantel Escocês são muito divertidas. Os três mímicos que fazem os chapéus flutuarem enquanto passam a mão em movimento circular pela barriga. O homem com cara de leão e o outro personagem tomam café, o café transbordando na xícara e a mulher cobre os dois com a toalha de mesa. Encubrindo a cena dali para frente. O ciclista que pedala para trás. São sucessivos acontecimentos nonsenses que provocam o espectador a sair do clássico narrativo e fazer uma reflexão mais profunda dos acontecimentos. É um curta experimental, como uma linguagem nada tradicional, instigante para quem é do meio cinematográfico, e definitivamente um filme que deve ser visto mais de uma vez.
Un Mantel Escocês está na programação do CineSul 2008:

Larissa Vereza fala sobre a produção de Noite de Cinzas


“Noite de Cinzas” surgiu durante uma temporada de estudos na New York Film Academy, em Los Angeles. Na penúltima aula de interpretação, me foi pedido que escrevesse um monólogo onde a personagem fosse completamente distinta de mim. A primeira coisa que pensei, e provavelmente metade das mulheres (suponho eu) foi: Prostituta.
Como não queria cair no óbvio, comecei a pensar em que tipo de prostituta ela seria, o que ela estaria fazendo, se foi uma escolha dela ou não... E a situação do seqüestro foi se formando na minha cabeça... Como não queria fazer o clássico monólogo, onde contracenamos com uma figura imaginária, criei a situação da irmã menor, que como única alternativa, trancou-se no armário. Depois de apresentar o monólogo à classe, a história não me saía da cabeça e depois de inúmeras pesquisas a respeito do assunto
(terrivelmente grave no Brasil e no mundo) decidi fazer o curta. Escrevi a história no avião e uma semana depois, estava filmando.
Como não tínhamos grana nenhuma, foi literalmente uma produção em família. Meu marido, o também ator Emiliano Ruschel, fez a câmera e a fotografia, minha mãe, a artista plástica Delma Godoy, fez a arte e alguns amigos nos ajudaram com o boom, rebatedores, etc. O curta foi gravado em dois dias e meio e no último dia, sem amigos disponíveis, foram minha filha e minha irmã (que fazem a Gabi), que fizeram a claquete e seguraram os rebatedores.
“Noite de Cinzas” é literalmente uma idéia na cabeça e uma câmera na mão, mas, sobretudo, uma indignação mais forte que qualquer dificuldade financeira ou técnica.
É crescente o número de meninas envolvidas neste tipo de comércio obscuro, que cada vez mais conta com o consentimento das autoridades.
É importante disseminarmos essas informações entre as jovens, que muitas vezes, sem perspectivas, saem em busca de “melhores oportunidades” e embarcam numa jornada, que na maioria das vezes, não tem volta.


Larissa Vereza
para visitar o site do filme: http://www.noitedecinzas.com/

Entrevista - Mikael Santiago (jurado)


Mikael acha que o festival é bom para quem é da área cinematográfica e pode assistir a filmes que normalmente não entram no mercado comercial. E que é muito bom também para quem não é da área e pode fugir um pouco o olhar da televisão e das novelas e assistir a uma programação alternativa que explora uma linguagem não tradicional. Mikael preza pelo experimental, uma linguagem que busca uma maior liberdade, que deixa um pouco de lado as amarras do mercado. E a experimentação pode estar presente em uma cena, em apenas um plano, ou no modo de se contar a história. O filme não necessita ser inteiramente experimental para inovar de alguma forma. Ele precisa sair dos paradigmas para ser diferente. E assistir a filmes diferentes, faz você refletir na sua própria obra e sair da mesmice.
O futuro, como cineasta, para Mikael parece assustador, pois quanto mais ele trabalha na área, mais conhece bons profissionais e pessoas entrando na faculdade de cinema. Nesse momento ele se pergunta: “Para onde vai essa gente toda?” Mas por outro lado, pensa que isso também é positivo, já que, só com a quantidade se chega à qualidade.
Sobre o cinema brasileiro, ele diz que cinema de qualidade nós possuímos, porém o que nos falta é espaço no mercado, completamente tomado pelo cinema estrangeiro. Ele diz ser mais uma questão dos filmes e de seu potencial de mercado, pois temos filmes brasileiros com o mesmo potencial de mercado de alguns filmes estrangeiros que ocupam várias de nossas salas (que já são poucas – ele ressalta). Como no caso do filme Sex and the City, que está em todos os cinemas, e que para Mikael tem o mesmo potencial de mercado de filmes brasileiros como o filme Sexo, Amor e Traição, que teve uma distribuição muito menor. Ele se questiona porque o cinema brasileiro não assume esse mercado, já que temos uma produção de qualidade equivalente a estrangeira.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

cineclube GLBT


Amanhã, 20 de junho, tem cineclube GLBT no ODEON às 21 horas.
Ingressos: Inteira: 10 reais e Meia entrada: 5 reais
Serão exibidos 6 filmes:

Páginas de Menina - de Monica Palazzo

Bárbara - de Carlos Gradim

Meu cão me ensina a viver - de Filipe Moura

Tá - de Felipe Sholl

Alguma coisa assim - de Esmir Filho

O diário de aberto de R. - de Caetano Gotardo
As primeiras 100 pessoas a comprarem ingresso ganham uma cortesia para o Rio G Spa.

O Pescador de Sonhos


“Sai de um mundo obscuro em busca de um mundo de luz e cor, percorrendo um caminho árduo e perigoso. Ao atingir esse sonho vê-lo volatilizar-se e reduzir-se novamente a solidão e silêncio, talvez por sua precipitação.”



Animação brasileira muito bem realizada. O personagem principal sempre na busca por alcançar o “mundo novo”. Sua incansável busca enquanto sobe por uma corda para tentar alcançar a bela mulher que vê lá no alto. A corda pegando fogo, ele subindo incansavelmente, mas no momento em que chega até a mulher e tenta tocá-la, ela se quebra como vidro. O personagem cai, passa pela escuridão do universo, até bater em solo firme. Quando abre os olhos, ele percebe que está em uma espécie de gruta, sozinho novamente, mas ao encontrar um pedaço do vidro quebrado no chão (que o remete à bela mulher), ele vai atrás de outra maneira que o permita continuar sua busca. Pega uma escada imensa e começa a subir. Deixando clara a sua persistência e os seus sonhos por uma busca que não termina. Essa animação está na programação do CineSul: http://www.cinesul.com.br/site_2008/festival.htm





Entrevista - Leonardo Gavina


Leonardo Gavina coordenador do CineSul - Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo, disse que o festival é importante para proporcionar uma integração entre os filmes de fala latina. E que ocorre também uma expansão para o mercado de cinema. O Brasil estava perdendo o bonde. Pois essa expansão já acontecia com outros paises latinos americanos, que realizavam co-produções com a Espanha. O CineSul não é apenas um ponto de exibição, mas proporciona ao público a oportunidade de assistir nas telonas a produções que dificilmente chegariam ao mercado comercial cinematográfico. Acontece também um intercâmbio entre os paises, como no caso do Festival de Havana, que convidou os selecionados do CineSul para serem exibidos no festival desse ano. O CineSul está recebendo uma maior visibilidade no exterior.
Quanto aos curtas, Leonardo disse que a cada ano que passa a produção está aumentando. No ano passado, foram por volta de 500 inscrições de filmes, esse ano as inscrições ultrapassaram o número de 700. A exibição dos curtas nas mostras competitivas e nas mostras paralelas é muito importante, para incentivar os cineastas, futuros realizadores de longas metragens.
No CineSul 2008 nas mostras competitivas não existe mais a separação dos filmes por bitolas. Filmes em 35mm, 16mm, ou em formato digital concorrem nas mesmas categorias, sendo separados apenas pela metragem. Quando o CineSul começou não havia a legendagem eletrônica nem mesmo nos longas-metragens. Hoje, depois de o festival ganhar maior visibilidade e apoio, o público não precisa se preocupar em ir às sessões e não entender o quê os personagens falam, pois os longas-metragens já são legendados eletronicamente. Infelizmente, por falta de verba essa não é a realidade das sessões de curtas. Mas isso não chega a comprometer a apreciação dos filmes.


Para conferir a programação completa do festival: www.cinesul.com.br/site_2008/festival.htm

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Aprop


“O sonho interrompido pelo roçar de uma pele conhecida. A leve caricia de um dedo que cruza as costas. O suspiro daquela voz que te convida a brincar. Os gestos mais cotidianos se transformam, vistos de perto, numa dança extraordinária.”


Aprop com direção de Aitor Echevarria é um filme encantador, um balé de dois corpos nus. Sem exageros, a nudez mostrada como arte e pura beleza. As duas atrizes/ dançarinas Carolina Alejos e Silvia Marin em uma dança minuciosa de pequenos movimentos, braços se encontrando com braços, pernas em mesmo ângulo, fazem uma coreografia lindíssima e muito bem cuidada. O filme cuja tradução é De Perto, mostra planos muito próximos, a pele, os pêlos, as curvas. A primeira cena é apenas uma linha na escuridão e essa linha vai se tornando mais concreta até revelar o corpo da atriz. O suor se desprendendo da pele, os mínimos sons são importantes. É uma dança sexual, são os pormenores do prazer, vistos bem de perto. Com poucos planos mais gerais que mostrem as atrizes em corpo inteiro, o curta se resume ao olhar próximo. E mesmo os planos gerais são de uma beleza pictórica, reforçada pela fotografia em preto e branco. Fotografia que merece também ser destacada. Aprop é uma poesia em forma de filme. E da mesma forma que começa termina, a imagem escurece até restar apenas uma linha na escuridão. Aprop está na programação do CineSul.


Para acessar ao site do CineSul: www.cinesul.com.br/site_2008/festival.htm

Noite de Cinzas


“Alice, 17 e Gabi, 13, são duas irmãs que têm suas vidas drasticamente arrancadas depois de serem vendidas para o tráfico sexual. Apavorada com o fato de perder sua virgindade deste jeito, Gabi se tranca no armário. Alice tem apenas 10 minutos antes que o pior aconteça.”
– fonte: www.cinesul.com.br/site_2008/competitiva_curtas.htm

O filme de Larissa Vereza, exibido ontem no CineSul, traz a temática do tráfico de mulheres. As duas irmãs, Alice (interpretada pela própria Larissa) e Gabi vivem em apenas um cômodo, bancadas por um cafetão (Carlos Vereza). O filme se passa quase integralmente nesse ambiente, excetuando-se uma cena de flash-back, que mostra as personagens mais novas, e outras pequenas cenas. Apenas uma locação é suficiente para narrar toda a história, para demonstrar a angústia de Alice diante do inevitável. Ela precisa convencer sua irmã, de apenas treze anos, a sair do armário, pois os clientes estão esperando e o cafetão pressionando. Elas têm dez minutos... E nesses poucos minutos Alice fala muito de sua vida. As duas irmãs, sozinhas no mundo, não tem em quem se apoiar, nem família, nem amigos. Provavelmente, a falta de opção que as levou aquele lugar, apesar disso não ficar claro no filme. O café esquecido no fogo é um ponto que serve para demonstrar o desespero de Alice, que vive uma mistura de sentimentos nesses poucos minutos, passa do amor ao ódio e desse ao desprezo. O som da chaleira e da água em ebulição se intensificam no final do curta. E esse som é angustiante para o público. O cafetão e seu ajudante entram em cena, o tempo se esgota e o caos se estabelece. O curta é bem feito, planos bonitos, sobre-posição de imagens. A presença de Gabi é intrigante, pois é constante, Alice conversa todo o tempo com ela, mas Gabi é também uma personagem oculta, pois não sai do armário, e esse ambiente só é revelado em tomadas muitas escuras. Noite de Cinzas é um bom filme e ao mesmo tempo funciona como crítica a essa situação real brasileira que é a venda de mulheres e crianças ao tráfico sexual. Noite de Cinzas está na programação do CineSul.

Para acessar ao site do CineSul: www.cinesul.com.br/site_2008/festival.htm

Até o sol raiá




“Até o sol raiá é um conto de fantasia e de celebração ao imaginário nordestino. Personagens criados por um artesão em barro ganham vida própria e agitam uma pacata vila sertaneja numa noite de festa. Animado em 3D, o curta-metragem funde a tradição do artesanato em barro com o cangaço, numa referência a dois ícones da cultura do Nordeste.”

No PROGRAMA 1 das mostras competitivas de curta e médias do CineSul, o primeiro curta que foi exibido foi o curta pernambucano de Fernando Jorge e Leandro Amorim: Até o sol raiá. Uma animação em stop motion, muito bem realizada. Os bonecos dos cangaceiros, feitos por um velho artesão ganham vida. No início, apenas um dos cangaceiros desperta depois de receber um borrão de tinta vermelha. Ele vê a festa que agita uma vila sertaneja e se apaixona por uma das mulheres. Para conseguir chegar até sua amada, ele percebe que precisa de ajuda. Então, faz uso da poça de tinta vermelha no chão, e “dá” vida a outros três cangaceiros. O curta traz de maneira engraçada as desventuras do cangaceiro principal, e mostra o universo dos bonecos de massa feitos pelo artesão. O protagonista senta-se, aborrecido, e bate no braço da cadeira. No mesmo momento o braço da cadeira feita de massa se afunda. Outro personagem, no momento da confusão, se esconde atrás de um poste, mas sua barriga continua aparente, antes que o cangaceiro o descubra, ele aperta a barriga, que some. Outro aspecto interessante do filme é a língua dos personagens, eles se comunicam através de grunhidos e gestos, o que torna o filme universal nesse sentido. Não fosse a temática regional nordestina, essa história poderia se passar em qualquer lugar. Esse filme é prova de que a animação brasileira já não perde em qualidade técnica para os grandes estúdios estrangeiros. Com muita pureza de detalhes, enredo bem elaborado e imagens muito bonitas, o curta Até o sol raiá é uma ótima animação, que está presente na programação do CineSul.
Para saber mais desse filme acesse:
http://www.fantochestudio.com/ateosolraia/index.html
Para consultar a programação do festival:

segunda-feira, 16 de junho de 2008

CINESUL COMEÇA HOJE NO RIO

Entre hoje (16) e 29 de junho acontece no Rio a 15ª edição do Cinesul - Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo. Produções recentes de países como Argentina, Espanha, Brasil, Portugal, México, Venezuela, Chile, Cuba, entre outros de língua latina, serão exibidas em cinco pontos da cidade (Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Correios, Casa França-Brasil, Cinemateca do MAM e Ponto Cine, em Guadalupe).

Serão 80 filmes em competição e cerca de 160 em mostras paralelas. Em todos os lugares, a entrada será franca, com distribuição de senhas com meia-hora de antecedência. O festival conta com o patrocínio da Petrobras e do Banco do Brasil.

Na categoria Curtas e Médias, serão apresentados 42 trabalhos de ficção, sendo 18 do Brasil; nove da Espanha; quatro da Argentina; quatro do México; dois do Chile; dois da Venezuela; um do Equador; um do Peru; e um de Portugal.

Na categoria Documentário, 18 curtas e médias-metragens vêm dos seguintes países: dez do Brasil; dois de Portugal; um da Venezuela; um da Nicaraguá; um da Espanha; um da Colômbia; um da Argentina; e uma co-produção Cuba/Suíça.

O Cinesul - Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo foi criado em 1994, no Rio de Janeiro, como uma mostra de cinema e vídeo dos países do Mercosul. Ao longo desses anos, cresceu e se estabeleceu definitivamente como uma vitrine da produção cinematográfica latino-americana. Desde a edição de 2006 passou a aceitar nas mostras competitivas trabalhos da Península Ibérica, e este ano, trabalhos em todos os suportes.

Site do festival: www.cinesul.com.br

BLOGCURTAS

Este blog está sendo criado com o intuito de trazer e discutir novidades, assuntos e entrevistas sobre curtas-metragens latino-americanos.
Os textos são produzidos e editados pelo jornalista Leonardo Pessanha e pela estudante de cinema Marcela Bertoletti, que resolveram criar um espaço para a divulgação de curtas, tanto "antigos" quanto recém-lançados.
Os posts serão feitos às segundas, quartas e sextas-feiras, sendo que os comentários de visitantes e participantes do blog, com suas idéias, críticas, opiniões e sugestões, serão sempre muito bem-vindos.
Esperamos que a iniciativa agrade e cumpra o seu papel de fazer com que a riquíssima produção de curta-metragens, no Brasil e em outros países latino-americanos, chegue a novos públicos e conquiste um número maior de fãs e interessados em cinema.
Até mais,
Leonardo e Marcela