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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Primeira Parte - Entrevista com Vitor Alli

Foto do Filme Como Fazer um Curta-Metragem Experimental, Cult e Pseudo-intelectual - de Vitor Alli
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Entrevista realizada pelo BLOG CURTAS com Vitor Alli, diretor do curta-metragem: Como Fazer um Curta-Metragem Experimental, Cult e Pseudo-intelectual.


Para quem ainda não viu o filme ele está no BLOG CURTAS:
http://www.blogcurtas.blogspot.com/search?q=curta+do+final+de+semana+como+fazer
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Prêmios:
1º Lugar como Melhor Filme Trash no Festival Universitário de Cinema e Vídeo de Curitiba - PUTZ
1º Lugar como Melhor Ficção no CURTACOM de Natal
1º Lugar como Melhor filme pelo Júri Popular, também no CURTACOM de Natal.

BLOG CURTAS (BC) - Como surgiu a idéia de abordar esse tema?

"Eu tinha vontade de inscrever algum vídeo no festival da UFRJ, o Vide Vídeo, e só tinha uma semana para isso. Mas eu queria fazer algo que tivesse algum apelo popular, pensando nos alunos da própria Escola de Comunicação (ECO), para gerar um burburinho, comentários – ainda que ácidos. Foi então que eu comecei a pensar nas duas edições anteriores do Festival – as únicas a que eu tinha assistido – e foi assim que eu tirei a receita de um curta experimental universitário."

BC - Você acha que o curta-metragem tem uma tendência a seguir a linha do experimentalismo?

"Não sei se entendi bem a pergunta, mas eu tenho várias questões quanto ao chamado “experimentalismo”. O conceito de experimental, ao meu ver, ficou perdido pelo meio do caminho. Para muitos festivais, experimental é tudo aquilo que não é nem ficção, nem documentário, nem animação. Para muitos diretores, é se utilizar de novas técnicas de filmagem. Acho que pensando na própria palavra, "experimentar" é fazer aquilo que você nunca fez antes, então, na teoria, tudo é experimentação. E aí onde se encaixam as experimentações de linguagem propriamente ditas? Há quem diga que experimental é tudo que não é narrativo. Eu discordo. Godard não é experimental? Ele não é também narrativo? E acho que essa é uma das questões que o curta levanta. Agora se o “Como Fazer...” é uma experimentação, acho que depende do ponto de vista. Não sei responder. Vai ver é pseudo-experimental... (?!)"

BC - O que pensa sobre o mercado do curta-metragem brasileiro?

"Acho que o mercado do cinema no Brasil ainda precisa de sérias transformações. Nunca pensei muito sobre mercado do curta-metragem brasileiro especificamente, embora eu viva isso. Não me interessa muito teorizar, mas a difusão do curta-metragem está cada vez melhor com a gama de festivais que tem surgido, em todos os nichos – seja universitário ou não. A maioria desses festivais é de graça e a disponibilidade dessas obras na Internet é absurdamente positiva para o campo. Agora, isso é pensando na difusão. Sei também que as condições de realização dos festivais universitários – em sua maioria – são muito precárias. Então, quando o assunto é produção de curta-metragem, aí que fica ainda mais complicado. Eu acredito que há espaço para tudo, mas a questão é que nem todo cinema é de baixo-orçamento..."

BC - O seu objetivo com o filme era fazer uma crítica aos cineastas que realizam esse tipo de filme?

"Depende de que tipo de filme você fala. Se você tiver interpretado como filmes experimentais, minha resposta será “não, não é esta a crítica”. Não faria sentido. Por outro lado, se sua pergunta se referir a diretores picaretas, minha resposta será “SIM” com todas as letras maiúsculas. Quando eu fiz o filme, pensei numa crítica bem específica, que era a alunos universitários que buscam fazer filmes experimentais e que acabam sempre por cair no lugar-comum. De fato, com o tempo, essa crítica se expandiu, mas meu foco continuou sendo este. A questão aqui é pensar que não há hierarquia entre gêneros pois a própria fronteira entre os ditos gêneros cinematográficos é muito tênue. O próprio "Como Fazer..." ganhou um prêmio trash e um prêmio de ficção, desbancando filmes com uma estrutura puramente clássica. Aqui na entrevista já quase me perguntou se é um filme experimental. Ele também não pode ser documentário?! A crítica é contra a pose que tenta forçar uma hierarquia cinematográfica. Para mim, Godard não é melhor que Spielberg simplesmente por ser Godard, ou por ser alternativo – outra palavra que abomino. São pesos e medidas diferentes. Um toca um certo tipo de público, outro toca outro público. Eu posso gostar dos dois, como não gostar de nenhum. E acho que é por aí. Tudo é válido se você tem o quê e para quem dizer / mostrar."

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