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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Primeira Parte - Entrevista com Cesar Fernando de Oliveira

Foto do curta Dez Centavos - dirigido por Cesar Fernando


1) Como surgiu a idéia do roteiro? O que te motivou a fazer um filme sobre esse universo baiano?

O roteiro é de autoria de Reinofy Duarte, o argumento surgiu a partir de um sonho, depois a história foi elaborada tendo as locações como elemento motriz. O que mais me motivou a fazer o filme foi demonstrar que mesmo personagens que vivem a margem da sociedade, ainda lutam para ter dignidade. Sendo que o filme poderia se passar em qualquer lugar do mundo que tivesse problemas sociais parecidos com os nossos.

2) Como foi a produção do curta? Como foi o processo para conseguir realizar o filme?

O filme foi realizado a partir do prêmio Braskem Cultura e Arte, categoria Cinema, que acontece anualmente aqui na Bahia e premia um projeto de curta metragem em 35mm de até 20 minutos. A produção foi um pouco complexa. Trabalhamos bastante na pré-produção, fazendo reuniões com todos os departamentos(produção, fotografia, elenco, arte, som...), na busca da conceituação formal, até encontrarmos o “tom” do filme. Depois disso começamos os ensaios com os atores, fizemos storyboards e criamos o desenho de produção, onde planejamos toda a etapa de filmagem, foi um trabalho de quase quatro meses para condensarmos tudo em 7 dias de gravações. A parte mais crítica foram as filmagens nas ruas, já que precisamos parar o transito, pedir autorização para os moradores, além de lidar com a luz natural em quase todos os momentos.

3) O que você quis estabelecer com a relação entre o vendedor de flores e o menino?

Eles são personagens que se identificam, ambos precisam das ruas para sobreviver, além de passarem quase despercebidos pelos passantes. Há também uma relação paterna entre o vendedor e o garoto, que não é demonstrada diretamente mas sim nas entrelinhas.

4) Gostei muito da cena em que o menino rega as flores. É uma cena mais lenta, com planos detalhes bem próximos. O que você queria transmitir com essa imagem?

Procurei tentar transmitir um momento de devaneio do garoto, é um dos poucos momentos durante todo o filme em que ele consegue sorrir. Um dos filmes referência para 10 Centavos foi “ O rolo compressor e o violinista” de um diretor russo chamado Andrei Tarkovski, nesse filme ele explora bastante esses momentos.

5) O que você pensa sobre o futuro do curta-metragem brasileiro? Como você vê a produção atual?

Sempre gostei de curtas, e encaro o curta não como uma escadinha para o longa e sim como um meio de se expressar de forma mais rápida e concisa, claro que é um aprendizado sobre o set de filmagem mas são formas de expressões distintas. É uma maneira também de reconhecermos novos cineastas, a cada ano vemos novos nomes surgindo e curtas brasileiros participando e ganhando prêmios em importantes festivais de cinema em todo o mundo.
Temos um problema aqui no Brasil que é a distribuição e venda dos curtas, eles ficam muito limitados aos festivais de cinema, fora do Brasil, principalmente na Europa percebemos uma rede maior de absorção dos curtas.

Um comentário:

Layno Sampaio Pedra disse...

Assisti o filme no IV Semcine e achei fantástico. Gostei muito da cena em que o garoto rega as flores. O ator deu um show de interpretação.