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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Terceira Parte - Entrevista com Paulo Fontenelle


Foto do diretor do curta Mauro Shampoo e do documentário Loki - Paulo Fontenelle.

Terceira parte da entrevista que o BLOG CURTAS fez com o cineasta Paulo Fontenelle.



BC - Fale um pouco sobre a produção de Loki, como foi falar sobre um dos maiores ícones da música nacional, o criador dos Mutantes?

"Conviver esses anos todos perto do Arnaldo foi uma experiência enriquecedora tanto no sentido cultural como na capacidade que ele tem de ampliar nossa visão de mundo. Sua visão peculiar sobre todos os aspectos da vida, a sua simplicidade é algo por si só inspirador. Quando se junta tudo isso ao fato de estar diante de uma das figuras mais importantes da história de nossa música, nada me resta a não ser agradecer o privilégio de ter vivido esses momentos."

BC - Foram muitos meses de pesquisa antes de começar a filmar? Como foi a convivência com Arnaldo?

"Quando começamos a filmar a minha pesquisa já estava praticamente feita pelo tempo que passei preparando o programa de 30 minutos. Porém, muito mais importante do que você ler um livro ou estudar um assunto é viver as experiências. Somente quando comecei a conviver com o Arnaldo é que pude perceber toda a sua poesia, genialidade e contradições. É a partir dai que você consegue compreender o artista. Busquei então fugir do estereótipo com que sempre se retratou o Arnaldo."

BC - Quando o filme estréia nas salas de cinema? Você teve problemas com a distribuição e divulgação do filme, ou está sendo um processo tranqüilo?

"A princípio o Canal Brasil não tem interesse em lançá-lo em circuito comercial, devido ao alto custo que isso implicaria. Então o filme seria exibido no circuito de festivais, depois iria para a TV e depois DVD. Mas isso pode mudar. O filme teve uma repercussão enorme entre os fãs e mesmo em quem não conhecia a história do Arnaldo e esse entusiasmo pode trazer algum fruto. Vamos ver o que acontece."

BC - Como foi passar do curta-metragem para o longa-metragem? É necessário começar pelo curta, para depois se aventurar no longa?

"Não foi nada muito especial. A única diferença é que eu tinha uma historia maior para contar. Por mais que o estudo e a teoria sejam algo fundamental para um bom profissional, nada substitui a prática. Na maioria das vezes, a melhor maneira de praticar é realizando curtas, onde você pode experimentar, errar, desenvolver seu estilo, principalmente pela liberdade criativa que ele oferece."

BC - Como você vê o mercado de cinema nacional no país? Filme nacional tem público?

"Sim, tem público. O grande problema é fazer o filme chegar até ele. Hoje, a distribuição ainda é o grande obstáculo do cinema brasileiro, além, é claro do preço cobrado pelos ingressos. Mesmo assim, acho que é sempre benéfico atitudes como o mês do filme nacional para estimular o crescimento e o interesse dos espectadores."

BC - Como está a carreira de Loki pelos festivais?

"Não poderia ser melhor. O filme estreou no Festival do Rio, no qual foi ovacionado por mais de dez minutos no final da primeira sessão. A repercussão foi ótima e o filme ganhou o prêmio de melhor documentário pelo voto popular. Em seguida fomos para a Mostra de cinema de São Paulo, onde a reação do publico foi igualmente fantástica, com todas as sessões lotadas e recebemos também o prêmio do público de melhor documentário."

BC - O Arnaldo Batista assistiu ao filme? Se sim, ele gostou?

"Sim. Ele se emocionou bastante ao ver sua vida passar diante de seus olhos com todos os momentos bonitos e difíceis que ele viveu. Ele costuma dizer que esse filme consegue deixar claro que ele será sempre o Rebelde entre os rebeldes."
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Para ler a primeira e a segunda parte da entrevista com Paulo Fontenelle e assistir ao curta Mauro Shampoo - clique:

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