Foto do filme Mauro Shapoo - direção de Leonardo Cunha Lima, Paulo Henrique Fontenelle
Segunda parte da entrevista com o diretor Paulo Fontenelle, que realizou o curta Mauro Shapoo - sobre um cabelereiro e ex-jogador de futebol famoso por jogar no Ibis Sport Club conhecido como o pior time do mundo. Paulo também dirigiu mais recentemente o documentário LOKI, sobre o músico Arnaldo Baptista.
BC - A produção do curta contou com uma pesquisa prévia? Quanto tempo foi necessário para embarcar na história de Mauro antes de filmar propriamente?
"Como disse no começo, nossa intenção inicial era fazer um longa sobre o Íbis. Passamos uns dois anos pesquisando tudo sobre o time e seus jogadores. Tínhamos uma idéia muito clara sobre o Mauro Shampoo, mas quando desembarcamos em Recife essa idéia foi desmontada quando além do personagem, conhecemos o Mauro Torpe, o cidadão do dia-a-dia. Esse mês em que passamos juntos nos ajudou a compreender mais a pessoa, que além de um personagem bem humorado, é um lutador que busca, com honestidade, desenvolver o seu trabalho, cuidar da educação dos filhos e que usa o bom humor como uma maneira de superar as dificuldades da vida. Coisas que não constavam na pesquisa e que tivemos que vivenciar. Isso é o fascinante num documentário. Quando você começa, nunca sabe a que caminhos ele vai te levar."
BC - Você já tinha feito outros curtas antes?
"Minha carreira no cinema começou movida pelo amor. Não exatamente amor pelo cinema, mas por uma menina. Eu tinha acabado de terminar um namoro de dois anos e estava numa tristeza imensa. Alguém me falou que a praia era o melhor lugar para espairecer. Aceitei o conselho e tirei um dia de folga para mergulhar no mar que, infelizmente, naquele dia estava de ressaca e eu quase sofri um afogamento. Fui para casa traumatizado por essa experiência de quase morte com a sensação de que a vida era curta e, se eu quisesse seguir uma carreira, precisava sair do mundo das idéias e fazer alguma coisa. Sentei na frente de um computador e, em quatro horas, escrevi um roteiro em homenagem a minha ex-namorada. Resolvi transformar em filme que se chamou “Carolina, Maçãs Crocantes”, no qual eu contava a nossa história por meio de 11 personagens diferentes. Foi um curta de 30 minutos que pouca gente viu, pois não coloquei em nenhum festival, mas foi muito bem recebido nas vezes que foi mostrado na telona. Aí você vai me perguntar: “depois desse filme, ela reatou o namoro?” e eu respondo: NÃO. Mas no filme o casal termina junto. Isso que é bonito no cinema. Você faz da vida o que você quiser e o que você achar mais bonito podendo até se dar ao luxo de corrigir aquilo que na vida real não tem volta."
BC - O que você acha do formato curta-metragem?
"Como disse no começo, nossa intenção inicial era fazer um longa sobre o Íbis. Passamos uns dois anos pesquisando tudo sobre o time e seus jogadores. Tínhamos uma idéia muito clara sobre o Mauro Shampoo, mas quando desembarcamos em Recife essa idéia foi desmontada quando além do personagem, conhecemos o Mauro Torpe, o cidadão do dia-a-dia. Esse mês em que passamos juntos nos ajudou a compreender mais a pessoa, que além de um personagem bem humorado, é um lutador que busca, com honestidade, desenvolver o seu trabalho, cuidar da educação dos filhos e que usa o bom humor como uma maneira de superar as dificuldades da vida. Coisas que não constavam na pesquisa e que tivemos que vivenciar. Isso é o fascinante num documentário. Quando você começa, nunca sabe a que caminhos ele vai te levar."
BC - Você já tinha feito outros curtas antes?
"Minha carreira no cinema começou movida pelo amor. Não exatamente amor pelo cinema, mas por uma menina. Eu tinha acabado de terminar um namoro de dois anos e estava numa tristeza imensa. Alguém me falou que a praia era o melhor lugar para espairecer. Aceitei o conselho e tirei um dia de folga para mergulhar no mar que, infelizmente, naquele dia estava de ressaca e eu quase sofri um afogamento. Fui para casa traumatizado por essa experiência de quase morte com a sensação de que a vida era curta e, se eu quisesse seguir uma carreira, precisava sair do mundo das idéias e fazer alguma coisa. Sentei na frente de um computador e, em quatro horas, escrevi um roteiro em homenagem a minha ex-namorada. Resolvi transformar em filme que se chamou “Carolina, Maçãs Crocantes”, no qual eu contava a nossa história por meio de 11 personagens diferentes. Foi um curta de 30 minutos que pouca gente viu, pois não coloquei em nenhum festival, mas foi muito bem recebido nas vezes que foi mostrado na telona. Aí você vai me perguntar: “depois desse filme, ela reatou o namoro?” e eu respondo: NÃO. Mas no filme o casal termina junto. Isso que é bonito no cinema. Você faz da vida o que você quiser e o que você achar mais bonito podendo até se dar ao luxo de corrigir aquilo que na vida real não tem volta."
BC - O que você acha do formato curta-metragem?
"Acho que cada história deve se adaptar ao tamanho dela. Hoje vejo muita gente com a ansiedade de partir logo para um longa-metragem e acabam esticando demais uma história, estragando o que poderia ter sido um excelente curta. Muita gente nos aconselhava a transformar o Mauro Shampoo num longa, afinal tinha mais de 30 horas de gravação e muita coisa boa foi cortada. Eu e o Leonardo recusávamos isso, pois sabíamos que isso não passava de pura vaidade. 22 minutos está mais do que suficiente para contar a história do Mauro Shampoo. É o tempo para as pessoas rirem, se emocionarem e irem para casa com uma boa sensação. Acabei de fazer o “Loki – Arnaldo Baptista”, tenho projetos de outros longas, mas com certeza vou continuar fazendo curtas quando achar que a história se adapta a esse tamanho."
BC - Tanto Mauro quanto Loki são documentários, você considera que essa seja a sua linha de cinema?
"A minha preocupação é sempre buscar uma boa história, seja na vida real ou não. Tenho projetos tanto de ficção como de documentários. Meu primeiro curta foi um filme de ficção baseado na minha própria vida. Shampoo e Loki, por outro lado, representam aquilo que me motiva fazer documentários: histórias reais que, de tão ricas, mais parecem ficção."
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BC - Qual foi a motivação para fazer Loki?
"Em dezembro de 2004, eu fui até Juiz de fora fazer a minha primeira entrevista com o Arnaldo Baptista para um programa do Canal Brasil chamado “Luz, Câmera, Canção!”. Saí de lá fascinado com a personalidade e com a história desse homem que até então eu pouco conhecia. Passei o ano de 2005 preparando o programa, lendo e ouvindo tudo que se referia ao Arnaldo. Quanto mais eu conhecia a sua história, mais eu me apaixonava. Ao mesmo tempo, não conseguia compreender como um artista tão importante para a nossa cultura tinha vivido esse tempo todo tão esquecido e com seu valor diminuído pela mídia. O episódio foi ao ar no final de 2005. Apesar da ótima repercussão, foi meio frustrante ver uma vida tão cheia de acontecimentos ser resumido em apenas 30 minutos. Foi quando, junto com o produtor executivo André Saddy, tivemos a idéia de expandir o projeto para o que, no final se tornou o primeiro longa-metragem produzido pelo Canal Brasil."
BC - Quanto tempo o filme levou para ficar pronto, desde a idéia até as salas de cinema?
"Depois que o programa foi ao ar, foram mais dois anos e meio de trabalho árduo até a primeira exibição no Festival do Rio. Durante esse tempo, acompanhamos a vida do Arnaldo, remexemos em arquivos de imagem, entrevistamos pessoas que fizeram parte da história de vida dele, garimpamos materiais inéditos. Juntamos tudo para fazer um filme que fosse além de tudo o que já foi contado sobre o Arnaldo. Um filme que eu, como admirador e como pesquisador da história da música, gostaria de ver."
"Em dezembro de 2004, eu fui até Juiz de fora fazer a minha primeira entrevista com o Arnaldo Baptista para um programa do Canal Brasil chamado “Luz, Câmera, Canção!”. Saí de lá fascinado com a personalidade e com a história desse homem que até então eu pouco conhecia. Passei o ano de 2005 preparando o programa, lendo e ouvindo tudo que se referia ao Arnaldo. Quanto mais eu conhecia a sua história, mais eu me apaixonava. Ao mesmo tempo, não conseguia compreender como um artista tão importante para a nossa cultura tinha vivido esse tempo todo tão esquecido e com seu valor diminuído pela mídia. O episódio foi ao ar no final de 2005. Apesar da ótima repercussão, foi meio frustrante ver uma vida tão cheia de acontecimentos ser resumido em apenas 30 minutos. Foi quando, junto com o produtor executivo André Saddy, tivemos a idéia de expandir o projeto para o que, no final se tornou o primeiro longa-metragem produzido pelo Canal Brasil."
BC - Quanto tempo o filme levou para ficar pronto, desde a idéia até as salas de cinema?
"Depois que o programa foi ao ar, foram mais dois anos e meio de trabalho árduo até a primeira exibição no Festival do Rio. Durante esse tempo, acompanhamos a vida do Arnaldo, remexemos em arquivos de imagem, entrevistamos pessoas que fizeram parte da história de vida dele, garimpamos materiais inéditos. Juntamos tudo para fazer um filme que fosse além de tudo o que já foi contado sobre o Arnaldo. Um filme que eu, como admirador e como pesquisador da história da música, gostaria de ver."
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