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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Última Parte - Entrevista com Paulo Fontenelle


Última parte da entrevista que o BLOG CURTAS fez com o diretor de cinema Paulo Fontenelle. Paulo dirgiu junto com Leonardo Cunha Lima o curta Mauro Shampoo. E mais recentemente lançou o documentário sobre Arnaldo Batista - LOKI.
Foto de Paulo Fontenelle -

- Foto com Mauro no Festival do Rio
BC - Você ficou satisfeito com o resultado final de Loki? Ou se pudesse teria feito alguma coisa diferente?

"Lamento apenas a falta de conservação do acervo de algumas televisões. É triste ver que muita coisa foi apagada dos arquivos ou perdidas em incêndios. É triste saber que durante o ano de 1969, os Mutantes apresentaram semanalmente o programa Divino Maravilhoso na Tupi e não sobrou nenhum episódio para arquivo. Alem disso, vários filmes super-8 pessoais do Arnaldo simplesmente desapareceram. Continuo procurando. Uma pena, mas acho que conseguimos fazer o melhor possível com as condições que tivemos. Às vezes, ficamos pensando no que poderia ter sido feito com mais estrutura, mas isso não passa de pura lamentação. Talvez não ficasse melhor. Essa vontade de vencer, apesar das adversidades é que nos deu a união necessária e a determinação de chegarmos ao resultado final."

BC - Quais são seus próximos projetos?

"Tenho alguns engatilhados. Uma ficção e dois documentários, mas ainda dependem dos acertos finais para começarem."

BC - Você acha que o curta-metragem é um formato que deveria ser mais aproveitado pela televisão brasileira?

"Hoje já existem canais que incorporaram o curta-metragem na sua grade de programação. O Canal Brasil é um desses canais que valorizam o formato. Seria lindo se as outras emissoras seguissem o exemplo. Mas acredito que existem outros lugares que o curta seria uma ótima opção, como em viagens de avião, ônibus, e até sessões de cinema na hora do almoço a preços populares."

BC - Você acha que um documentário é sempre a visão do diretor? Ou ele pode ser imparcial?

"Não existe imparcialidade no documentário. Quem disser que existe está mentindo. O tema é sempre retratado a partir da experiência que o cineasta viveu. Em Loki, eu poderia ter embarcado no enfoque que muitos já deram sobre o Arnaldo explorando o estereótipo da loucura. Preferi contar a sua história longe da imagem do mito. Procurei ser o mais imparcial possível, ouvindo todos os lados da história, mas no final a visão do diretor está sempre presente na condução do filme, na utilização da trilha sonora, da montagem e de outros recursos fílmicos para buscar a emoção e a reação do espectador. Mauro Shampoo, já foi retratado várias vezes como um personagem folclórico e eu e o Leonardo buscamos o lado humano dele, sem perder o humor. Acho que a única maneira de ser imparcial é colocar uma câmera parada filmando 360 graus em plano seqüência. Mas aí o filme seria um saco."

BC - Qual cineasta te inspira e por quê?

"Na parte musical eu gosto muito de um diretor Uruguaio chamado Pablo Cosacuberta pelos trabalhos que ele faz com o Jorge Drexler e Paulinho Moska. Nos documentários, Errol Morris, apesar do estilo dele ser bem diferente do meu. Admiro Julio Meden, Michel Gondry, Kyeslovsky e Roman Polansky. Mas, sem dúvida, o cineasta que mais me inspira é o Paul Thomas Anderson, pela sua maneira singular de contar as histórias baseadas na casualidade. Histórias sempre recheadas de sentimentos sem nunca perder o senso de humor. Tive a rara oportunidade de assistir alguns de seus curtas e é possível ver como sua técnica foi se desenvolvendo nesse formato. Muitas cenas usadas em seus curtas foram copiadas e aprimoradas mais tarde em seus longas como Hard Eigth, Boogie Nigths e Magnólia. É um cineasta completo que soube usar o curta metragem como uma ótima escola."
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Para ler a entrevista completa com Paulo Fontenelle e assistir ao curta-metragem Mauro Shampoo clique aqui - http://www.blogcurtas.blogspot.com/search?q=mauro+shampoo

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