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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tarabatara - Diário de Bordo


Fotos da produção do filme Tarabatara - direção de Julia Zakia
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Ficha Técnica:
Direção, Fotografia e câmera, Montagem: JULIA ZAKIA Assistência de Direção, still, produção e câmera: LAURA MANSUR Captação e edição de som, câmera: GUILE MARTINS Produção: GUILHERME CÉSAR Montagem: HÉLIO VILLELA Produção Executiva: PATRICK LEBLANC Mixagem: PEDRO SÉRGIO NOIZYMAN
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Sinopse: “Porquê é que eu nunca morei definitivamente num setor só? Porque eu me sinto mal. Me sinto mal com o ar de um lugar só.” "Tarabatara" é um chamado ao cotidiano e aos encantos de uma família cigana do sertão de Alagoas. O documentário apreende momentos de um período de pausa no nomadismo desses ciganos. Na figura do mais velho e suas memórias, nas mulheres e crianças do grupo, com suas falas e gestos, com seus olhares e afazeres, no dedilhar do violão e na música de amor sertanejo revelado com força no canto e no olhar do cantor.
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Diário de Bordo - escrito por Laura Mansur

"29 abril. Deitada na sombra do pé-de-pau, escutando as mulheres bálcãs de julia. Cada vez mais, a sensação de despedida. Ontem, os guris foram com os ciganos ao show do tal Índio Apaixonado, e julia e eu ficamos deitadas escutando música, conversando sobre este tempo aqui. Ela chorava dizendo não querer ir embora. É de fato um tempo mágico. Nos tornamos parte desta família, as relações todas se transformaram, os olhares são mais cúmplices e as desconfianças se dissolveram em um tempo de passado em comum. Hoje fui à feira com minha roupa de cigana e não me estranhei. Me sentia isto mesmo, simplesmente assim. Como se estas seis semanas aqui tivessem alimentado minh'alma para o corpo preencher os panos vermelhos que eram de nega. Mais uma semana e um dia. Sentirei saudades daqui, destas sete semanas de fazer cinema com muita paixão pelos caminhos, pelas estórias e pelas relações. Nosso rancho, as conversas na sombra com cada um, o vozeirão do velho, a doçura do olhar de maria, o saber ficar em silencio na volta do fogo, o inferno das crianças. O vento, o fogo, nosso acordar já inteiramente rotineiro. Ficar sentada quieta só olhando as cores, os movimentos e os cantares. Como é bom fazer cinema. (...) E a sensação de estrada, de nunca saber até quando fico em cada canto e para onde vou depois, me dá uma leveza boa e guerreira. Vou construindo meus caminhos com bagagens de ventos e sotaques, aprendendo com as estórias e contando outras.”

Postado por laura - segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007 - no blog do filme:
http://www.tarabatara.blogspot.com/

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